domingo, 12 de setembro de 2010

O que é racismo?

Malice Candy Girl me disse que racismo é o ódio intrínseco pela diferença, pelo outro que não condiz com seus padrões de qualquer tipo...uma fobia anormal, doente.
Mentira dele.
O racismo é comum, é apregoado pelos quatro ventos e usado indiscriminadamente por tudo e todos 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano.
Quem diz que não, além de racista, é hipócrita.

Você sabe disso.
Racismo não tem a ver só com cor e raça. O dicionário mente descaradamente pra você, seu burro. Racismo é tão somente uma forma de pensamento estreito, radicalista e intransigente, mascarado por padrões sociais que o tornam normal e aceitado por todos.
Um exemplo básico: vá namorar um negro (ou negra). Você, sendo o padrão perfeito de rapazinho saradinho de academia, universitário de classe média ingressando na carreira escolhida para o seu brilhante futuro profissional...
Largue da sua atual caucasiana-gostosa-descerebrada e vá xavecar a pretinha da sala.
Ops. Espere. Agora todas as organizações do mundo que atendem aos direitos dos “afro-descendentes” vão cair de pau aqui. Chamar de “pretinha” não pode. É racismo.
Eu tenho um parceiro que trabalha comigo. Ele se chama Paulo Augusto. Ninguém sabe o nome dele. Lá, onde a gente trabalha, ele é o Paulo Negão.
Ah, tá. Entendi o lance da coisa. Chamar de “negão” pode. Chamar de “neguinho”, não.

Essa hipocrisia medieval e insolente não martela na sua cabeça?

Seus maiores ídolos não são brancos. Ou são?
Hendrix, Coltrane, Cobham, Tupac, Ali, Frazier, Magic Johnson, Ronaldinho Gaúcho (sem esquecer do falecido Michael Jackson!).
Milhões de nomes.
Mas o racismo é tão inerente à sua cabecinha oca, que você jura, de pés juntos, que não é racista de jeito nenhum.

Você acredita que o Barack Obama vai mudar a cara dos Estados Unidos, certo?
Pode até ser. Mas será mesmo que toda a cultura padronizada americana, todo o glamour dos guetos, rappers e outlaws vai mudar?
Sean Carter (o rapper Jay-Z) é um dos maiores fenômenos da música global.
Beyoncè Knowles (sua esposa) é a diva do R&B moderno. Eles são pretos.
O rapper Eminem lançou uma mixtape em 1996. Qual foi a reação inicial?
“Porra...o cara é branco. Isso não tá certo.”
Os Beastie Boys lançaram Licensed to Ill. Um blockbuster com milhões de cópias vendidas até hoje. Eles são do rap. Lançaram discos que mudaram a cara do rap mundial na época mas tiveram imenso problema no começo de carreira por serem todos brancos.
Amy Winehouse apareceu e deu uma guinada no soul do ano 2000. Todos diziam: “essa garota branca canta como uma negra”. E isso foi o maior elogio dito sobre ela.
Você não viu nenhuma manchete de jornal protestando sobre isso.
Mas isso é o racismo. O racismo como matéria-prima de pensar. É automático.
Você olha, você julga.

Mas esqueçam dos negros, por um minuto. Pensem nos nordestinos, nos latinos e hispânicos.
Pensem em quem faxina sua casa de 3 suítes com varanda e piscina nos finais de semana. Pense em quem limpa os banheiros das lojas de fast-food. Pense em classes D e E.
Não é só a raça. É a origem.
Se você trombasse com um Neandertal na rua, com certeza ia ligar pra polícia.
Essa é a simplicidade mordaz (e ridícula) da questão racismo como um todo: a falta de base, de estudo e de inteligência para julgar.

Racistas mesmo eram os nazistas. Foram 12 milhões pro saco porque eles acreditavam com toda a devoção na raça ariana. O ser superior. O homem perfeito.
Hitler era tão louco e tão burro mas tão apaixonado e magnético que fez toda uma nação acreditar nas suas idéias ridículas.
A igreja católica também tem as suas páginas de racismo assassino impressas na história do mundo. Pense na Inquisição. Você sabe o que é isso, seu cristãozinho de merda?
Pense em padres estuprando todas as mulheres de uma família em nome do Senhor.
Vocês não podem falar em racismo seus ordinários! Vocês são todos racistas!
A Ku-Klux-Klan existe até hoje, seus otários. Ela mudou de nome e endereço, mas está lá: pendurando negros em árvores e queimando cruzes em nome da supremacia branca.
Você, tão descolado bem resolvido e intelectual vira o rosto morrendo de nojo quando vê casais de gays andando pelas ruas.

Racismo é tudo o que você acha que pensa por conta própria.

Ah, e vocês ainda estão indignados lendo isso aqui, me xingando de todos os nomes possíveis, querendo me pegar pelo pescoço e acabar com minha vida.
Devem achar que eu sou branco, né?
Tá vendo como vocês são racistas?

Racismo é querer igualar o que é fundamentalmente diferente e achar que isto é o correto. Pois você não conseguiria conviver aceitando a diferença.
Negros são negros. Brancos são brancos. Amarelos são amarelos. Homens são homens. Mulheres são mulheres.
Somos todos humanos, cidadãos e vivemos no mesmo buraco. Isso nos une enquanto espécie. Nada mais do que isso.
Não venha me dizer que somos todos iguais porque não é verdade.
Se todos os indivíduos de uma mesma raça já são diferentes entre si, como é que, puta que pariu, você quer me dizer que todo mundo é igual?

Preconceito racial existe. E sempre vai existir. Sempre.
Muitos são discriminados e poucos são aceitos em determinado meio.
Pode ser por cor da pele, pode ser por lugar de origem, pode ser até pela marca do carro que você usa.
É o racismo como fenômeno social. Nossa sociedade é dividida em classes, seu burro.
Porque dividir? Porque SOMOS TODOS DIFERENTES.

Você não se cansa nunca?

1 Comentários:

nuum disse...

Acabei de ver o José Trajano (diretor da ESPN) dizendo que a Amy Winehouse canta como uma negra.
Este é o pior tipo de racismo.
"Ela samba como uma negra !"; Como se sambar fosse algo que precisasse de doutorado. Lembro de quando o Bolshoi veio ao Rio e levaram as bailarinas para serem "humilhadas" pelas sambistas em uma Escola de Samba. As russas ficaram olhando por uns instantes e depois sambaram na ponta dos pés !! Inesquecível a cara dos idiotas ao redor...
Por falar nisso: O Obama é negro ? Ué, mas a mãe dele não é branca ??

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