Contagem Regressiva

Depois de uma partida nada amistosa de Fight Night Round 4 online contra meu conterrâneo Paolo_Frigo23, ficamos conversando sobre música em geral.

Chegamos à óbvia conclusão que não existe mais música no mundo de hoje.

O mainstream está morto. Os grandes heróis estão morrendo um à um, tombados pelo exército infernal das grandes corporações que investem milhões de dólares para empurrar goela abaixo da juventude coisas plastificadas e pasteurizadas como Justin Biebers da vida.

No Brasil ainda, a coisa é um pouco pior.

Claro que esses caras tem conteúdo musical. Isso é fato.

Lady Gaga é uma grande artista. É ponto.

Mas e aqui?

Mostrei os discos das bandas do “momento” pra ele: NXZero, Fresno, o pessoal do sertanejo universitário...ele simplesmente não entendeu.

“Essa é a música do momento aí no seu país?” – perguntou perplexo.

“Pois é”, respondi.

“Mas vocês tem o Caetano Veloso, o Gilberto Gil, o Chico Pinheiro...”

Não. Não temos.

Fazemos com nossos ídolos aqui o mesmo que o futebol global faz com os seus: exporta-os para os que mais pagam.

E claro que isso, como negócio, é a coisa mais correta possível.

Mas o carnaval acabou, cambada. Ninguém vai querer ouvir o Chiclete com Banana nos próximos 12 meses. Ninguém vai falar muito da Ivete Sangalo nem da turma do Timbalada.

Como ficamos?

A resposta, elementar meus caros: órfãos.

Agora que o grau etílico vai se normalizar nos nossos sangues e a insanidade coletiva não estará presente voltamos à mesma merda de sempre.

É ridículo ligar a TV na Globo no domingo e ver o hit forrózeiro do momento “minha mulher não deixa, não” e saber que o Faustão é um dos caras que mais lançou artistas na mídia brasileira para o grande público há tantos anos atrás.

Claro que o apelo é popular. Todo mundo sabe disso, seu burro.

Mas o problema é que a mídia está muito mais preocupada em agradar as classes C, D e E do que vocês que pagam toneladas de impostos, consomem 63% dos bens de consumo e praticamente sustentam o PIB do país.

Não é teoria conspiratória. É fato.

Eles preferem agradar e manter no controle a diversão dos cidadãos que limpam os chãos das suas mansões recebendo 700 reais por mês do que trazer conteúdo de qualidade pra todos.

É o xadrez da politicagem social brasileira.

O pobre continua pobre pra caralho. Foda-se. Pelo menos ele está feliz com a televisão de LCD de 32 polegadas que ele comprou nas Pernambucanas em 32 prestações e tem o que assistir nos finais de semana.

Entende como é o negócio? O coitado paga 32 prestações de uma TV de 32 polegadas!

Ele paga mensalmente cada porcaria de polegada do aparelho que ele comprou! Que, por sinal, custa menos da metade do preço que está na loja já que mais da METADE é imposto BRASILEIRO! hahaha

É cruel, eu sei. Eu também acho. Mas é assim.

Quer televisão de qualidade? Compre uma porra de uma assinatura de SKY, rapaz.

Aquilo sim é TV.

Nossa hipocrisia chega num ponto tão grande que já nos engoliu por todos os ângulos possíveis.

Essa é a beleza do Brasil.

Não precisaria de nenhuma profecia bíblica pra anunciar o fim dos tempos: isso aqui está claramente caminhando para o apocalipse.

Paolo diz que viu um jornal brasileiro outro dia e que se assustou com o número de homicídios e latrocínios de jovens de classe média que viu.

Contou que assistiu um grande jornal pela net e viu um assassinato à sangue frio de um jovem, em plena luz do dia numa terça feira.

Eu retruquei respondendo que todo lugar tem violência. Que é inevitável...

Sabem como ele calou a minha boca?

Assim ó: “Pelo menos aqui, nós prendemos definitivamente o bandido e temos um sistema carcerário que realmente é efetivo.”

Pois é.

Contagem regressiva começou. Agora que o mundo começou a girar no eixo depois do fim da maior palhaçada chamada Carnaval, vamos todos correr para as clínicas fazer testes de gravidez e ver se pegamos alguma DST!

hahahah

E vamos em frente que o negócio tá foda!